Entrevistas

  

No Brasil vemos muitas bandas que reclamam das condições de seus equipamentos e das cenas de suas cidades, muitas chegando a acabar por reclamar que nada acontece em sua região. Sabemos que para ter uma banda de Metal e atingir à qualidade necessária, um bom equipamento e condições estruturais são necessárias, mas junto a tudo isso, uma boa dose de força de vontade faz toda a diferença! As bandas cubanas são excelentes exemplos de resistência frente à severas dificuldades que permeiam suas vidas. A Cry Out For é um dos exemplos que a força de vontade pode mudar tudo e fazer uma cena crescer e lançar bandas de excelente qualidade mesmo sem qualquer recurso! Confiram esta longa e interessante entrevista!!! (Por Thiago Perdurabo)

01 – Saudações Cry Out For! Para começar, conte-nos como a banda foi formada e como é ter e sustentar uma banda de Metal em sua região.
COF: Antes de tudo, muito obrigado por esta oportunidade. Quem responde é Saumel Alonso, baterista da banda. Cry Out For é formada em Santa Clara em 2004. Santa Clara é a cidade com mais história dentro do Metal em Cuba, inclusive realiza o festival mais antigo do país: o Ciudad Metal. A banda se forma com antigos membros de outro grupo chamado Eskarcha, que mudando estilo e músicos chegam a formar a Cry Out For. Não somente ter e manter uma banda em Cuba é difícil, sobreviver em Cuba é um desafio diário. Manter uma banda como a nossa com altos níveis de profissionalismo por tantos anos é um sonho, mas com altos custos e muito sacrifício, pois Cuba é um país comunista onde os salário são muito baixos, os preços muuuuuito altos e com muita escassez de tudo. Por exemplo, não existem lojas de instrumentos musicais, não há onde imprimir publicidade de maneira massiva, não podemos fazer camisas profissionais, nem prensar nossos CD's de maneira profissional. Nossos instrumentos não são ideais para fazer nossa música, ainda que estejam entre os melhores da cena cubana, mas foram comprados usados a preços exagerados ou mandados a ser comprados fora de Cuba com muito sacrifício. Nosso trabalho nos permite fazê-lo, mas quando começamos com a banda, era com guitarras russas dos anos 70 modificadas, cordas com mais de 1 ano de uso, e as peles da bateria eram placas que se usam para tirar raios x em hospitais, amplificadores e pedais de guitarra artesanais e os equipamentos de áudio para shows de 100 a 150w como máximo de potência. Ainda hoje minha bateria é uma Ludwin velha dos anos 80 porque não posse e nem há onde comprar uma Tama como a que preciso. Assim que, resumindo, ter uma banda de Metal em Cuba: "De Pinga"!! Como dizemos aqui. Ahahaha

02 – Pelo que li em sua página oficial, vocês além de tocar suas músicas próprias, tocam covers de bandas dos anos 70, 80 e 90. Conte-nos sobre suas influências, tanto de Metal como de outros tipos de música, e o que representam na hora de compor as músicas da banda.
COF: Tocar covers é nosso trabalho, o fazemos nos hotéis de nossa província para turistas. Isso sim, não é fácil como muitos pensam, pois estudamos cada música antes de montá-la e o fazemos com um alto nível de técnica e profissionalismo. Isso tem nos ajudado muito, pois os turistas gostam bastante dessas músicas, pois aqui os bombardeam com música tradicional e popular desde que pisam em Cuba e quando nos ouvem tocar, sentem-se num oásis músical (nos disseram isso uma vez), além disso, como te contei acima, nos pagam melhor que em outros trabalhos e podemos melhorar e investir em nossos shows e eventos. Nossas influências são variadas, mas sobretudo música européia, como o Metal sueco e algumas coisas norte-americanas. Temos uma linha em comum a todos e só consumimos este tipo de música, além de Blues, Hard Rock e coisas pelo estilo. Na hora de compor, por sorte já temos criada nossa marca pessoal, ainda que nada original até o momento, cada um surge com idéias e sai uma música, ainda que muitas vezes o ensaio seja um campo de batalha, pois discutimos muito e ficamos meio violentos às vezes rsrsrs mas quase sempre tudo sai bem.

03 – Como vai a cena atualmente? Quais são as diferenças entre as diferentes regiões de Cuba quanto ao Rock local. Há algum lugar onde as coisas sejam melhores e haja mais apoio? Como isso funciona por aí?
COF: Bem, a cena está melhor que há 10 anos atrás, há mais acesso às coisas e mais informação, mas menos compromisso, muita moda e muita pose Rock Star. Na Capital, Havana, há mais bandas e mais condições do que o resto, mas a cena é muito poser, seguem muito à música da moda e tudo me parece muito artificial. No Centro, a maior cena é a de nossa cidade, é a mais honrada, creio eu, e no Oriente do país estão as províncias de Camagüey e Holguín, que são cenas grandes, porém isoladas do resto, o que os faz mais brutais e fortes, pois a maioria pratica Death e Black Metal, no geral.

04 – Vocês têm 2 materiais lançados e agora estão gravando mais um material, não? Conte-nos sobre estas produções, como planejaram, como foi, onde foram gravadas, se foi satisfatório a vocês ou não, e se não, o que acreditam que poderia melhorar?
COF: Sim, os 2 EP's foram compostos, gravados e produzidos pela banda. Tratamos de ter o cuidado de que ficassem com a melhor qualidade possível, mas bem... aqui se grava diretamente num computador, e por mais programas que existam, sempre soam diferentes, de modo que não podemos fazer muito, ainda que queiramos. Não temos acesso a grandes estúdios profissionais, como a maioria, nem a produtores, nem nada disso. Tudo somos nós que fazemos, e por outro lado, isso nos dá a liberdade de criar e não estar condicionados por nada e nem ninguém. Este novo disco que estamos gravando, eu creio que vai ficar um pouco melhor, pois já temos melhores condições técnicas e a tecnologia tem melhorado muito. Tem como título, até agora, "White Lies Overdose", assim que o esperem dentro de uns meses. Ambas as gravações foram muito satisfatórias para a banda, pois nos abriram as portas a muitos festivais, à rádio e à TV, além de um prêmio, "Cuerda Viva", que é realizado por um programa de TV de nosso país.

05 – De que temas o conceito lírico da Cry Out For trata, e quem escreve as letras?
COF: Nossas letras são nossa catarse aos problemas que sofremos diariamente em Cuba, a nossas frustrações e ameaças por ser diferentes, então você já pode imaginar rsrs. Em sua maioria, escrevem nosso vocalista Daniel Lezcano e nosso tecladista Dennis Mayor.

06 – Conte-nos um pouco sobre a história da banda. Tiveram mudanças de formação?
COF: A formação atual é a terceira da banda. Exceto nosso vocalista Daniel Lezcano, que tocava baixo na formação original, já não há membros fundadores (exceto ele), mas o estilo e a vontade de tocar são os mesmos. Todos os membros que passaram pela banda são amigos inestimáveis, mas as vidas das pessoas mudam e essas pessoas precisam mudar com elas, ainda que todos os que tocaram são parte do nosso grupo e todos deixaram sua marca, e isso formou a Cry Out For.

07 – Vocês já levam 10 anos de existência na cena. Passaram algo de inusitado nesse tempo, viajando pelas estradas?
COF: Muitas coisas aconteceram desde nosso primeiro show, além de nos divertirmos muito, o tempo ajuda a melhorar e a amadurecer tua música, te ajuda a pensar num futuro e a pensar nos que te seguem como banda. Seguimos nos divertindo como antes, mas cuidamos de nosso trabalho ao extremo. A estrada te ajuda a ver a vida fora de tua bolha, a conhecer pessoas incríveis, lugares belos e cenas diferentes. Conhecemos quase todas as cidades do país graças à banda, ainda que também te faz passar fome, calor e alguns grandes desgostos hahahahaha.

08 – No underground, passa às vezes que as produções de algumas casas de eventos sejam boas e outras nem tanto, no que se refere ao Metal, quanto à estrutura, som, acústica, etc.. Quais foram, em tua opinião, os melhores e piores lugares onde tocaram, e por quê?
COF: Em Cuba o underground é o normal, ao menos para a arte que não é popular. No Metal cubano, se você não faz as coisas, não existe e ninguém te conhece. Quase todas as bandas de Cuba têm que se ocupar de tudo além da música, instrumentos, promoção, vídeos, gravar, imprimir, vender, ir à rádio, TV, e nas piores condições, além de manter teu trabalho para poder sobreviver e fazer o que você gosta. Por sorte temos um representante e um manager, que são as duas mãos da banda, e entre todos, tratamos de nos manter à tona.

09 – Receberam alguma proposta de fanzines, revistas, selos ou produtoras fora de Cuba para ajudar com divulgação, lançamentos, etc..?
COF: Sobretudo de zines, mas de selos estamos procurando quem lance nosso próximo CD, mas acontece que em Cuba o acesso à Internet é quase virtual, assim que não temos como contactar às companhias, enviar-lhes nosso material... te dou um exemplo: temos 2 vídeos novos e não pudemos subir ao Facebook porque a conexão que temos de Internet não nos deixa, pode imaginar??

10 – Quais são as melhores bandas daí e do exterior para vocês? Poderia nos indicar algumas bandas para conhecer?
COF: De Cuba, em nossa opinião as melhores bandas são Zeus, Blinder e Sound Blast Profile, do exterior são In Flames, Children of Bodom e Dark Tranquility. Há muitíssimas mais, mas essas são as que quase toda a banda segue.

11 – Como funciona o mercado musical cubano em relação ao Rock e Metal?
COF: Em Cuba não há mercado para a música alternativa, de forma que tratamos de sobreviver com o Do It Yourself a todo custo, como te comentava antes, então como pode ver, tudo é quase impossível para o Rock e Metal cubano. Em Cuba há dois ou três gravadoras, mas não se interessam pelo Metal, então tratamos de encontrar fora de nossas veladas fronteiras a alguém que nos ajude a lançar nossas produções e tocar em outros lugares, simplesmente por cumprir o sonho de qualquer músico.

12 – Tenho visto nos últimos 8 anos muitos vídeos de bandas cubanas tocando no programa Cuerda Viva, da TV estatal cubana. Como vai esse programa? Acredito que seja uma grande ferramenta de apoio às bandas da cena nacional, não? Há facilidade para as bandas divulgarem seus materiais nesses meios ou há que pertencer a algum tipo de panela? E como é a difusão junto às rádios cubanas? Há programas de difusão de Rock e Metal? Indique-nos alguns.
COF: Este programa é da televisão nacional, e ajuda num princípio, mas é uma gota dentro do mar, além do que também mistura outros gêneros nada alternativos, assim que acredito que vá perdendo audiência. Nossa banda obteve um prêmio no ano, mas nada que lançasse nossa humilde carreira. Além deste programa, não há mais nada dedicado ao Metal nos meios de comunicação cubanos. Talvez um clipe às 3 da madrugada ou algum programa onde se mencione um dos tantos festivais da ilha, mas te digo que oficialmente nosso governo nos reconhece como cultura, inclusive muitas vezes tem marginalizado e intitulado de várias coisas aos Rockers e Bangers. Na rádio tem se criado espaços, mas igualmente, só pela iniciativa própria de alguns realizadores, igual, nada massivo nem de alcance que nos identifique e promova à cultura. Da Internet então, nem se fala!

13 – Bem, muito obrigado a vocês por responder a esta entrevista. Particularmente, o som de vocês me agrada bastante e é excelente, de muito boa qualidade. Parabéns! Mais alguma mensagem que queiram acrescentar e algo que queiram dizer a nossos leitores, o espaço é de vocês!
COF: Muito obrigado a ti por esta oportunidade. O Metal cubano está vivo e tem qualidade, desgraçadamente graças ao ódio e à nossa frustração que nos nutre, assim sendo que todas as bandas que nos lêem, lutem por seus ideais e se mantenham fortes. Aos leitores, se puderem, venham para que vejam o que é uma cena pobre em recursos, mas grande em culhões haha... Saudações de Cuba!

Podem saber mais sobre a banda, bem como escutar o som aqui:

Representante Oficial: 

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Entrevista à banda Mexicana de Brutal Death Metal Icnos, realizada por Romel Villanueva (Metal Mayhem Records e Metal Archives).

Tradução por Thiago Perdurabo.

01 - Poderíamos começar com uma introdução e algo da história da banda?
A banda foi formada em 2006 por Row Blasphemy (Guitarra), Angel Caído (Guitarra), Pipo +R.I.P (Bateria) e Colerico Satanisado (Vocal), os 4 influenciados pelos mesmos gostos musicais, o Metal, e com muita vontade de blasfemar o que pensávamos, mas ainda assim, o álcool não nos deixava criar músicas, éramos uns malditos bêbados e nunca conseguíamos entrar num estúdio pra ensaiar. Foi então que em 2008 conseguimos nos estabelecer como banda e compusemos nossa primeira música, "Condena Brutal", e desde esse momento tivemos uma série de apresentações ao vivo, na cidade, no estado e pela primeira vez, tivemos a honra de estar nas brutais terras de Belize.

02 - O que significa Icnos e por quê escolheram esse nome para a banda?
Não significa nada!!! ahahaha foi um erro de palavra. Nessa época, nosso guitarrista Row estava estudando outros idiomas e chegou com essa palavra, e aos demais agradou a forma como soava. Depois de muito tempo, descobrimos que não significava nada e então ficou perfeito pra nós, pois somos isso mesmo: nada!!!

03 - Poderia nos contar sobre os dois lançamentos da banda, que são a Demo e a Compilação-Split?
Brutal!!! Nossa 1ª Demo foi o máximo que havíamos feito como banda! Estamos muito contentes que os metalheads sigam baixando nossas músicas! Temos o apoio de muita gente que gosta da merda que fazemos e por eles e por nosso desejo de seguir vomitando nossa infecção, seguimos adiante! O fato de participar da compilação realizada pela Metal Mayhem nos enche de orgulho! Saber que estamos fazendo bem as coisas e que há gente interessada em expandir nossa maldade aos demais... queremos agradece-los por nos dar a oportunidade de estar neste brutal Split!

04 - A Icnos me lembra o Brujeria, às vezes, você concorda com isso? Como você descreveria o som da Icnos?
Claro! Acredito que colocamos muito empenho ao que fazemos, acompanhado de raiva e ódio, que faz com que as pessoas sintam semelhanças com alguma outra banda que se destrói fazendo música! Nosso som... eu sinto que o grupo soe a nojo! A maioria das vezes em que compomos, estamos passando por maus momentos, sejam pessoais ou grupais... sempre há aborrecimentos, raiva, ódio e outras coisas em nossas composições e ensaios! "A maldade se concentra em nosso estúdio de ensaio".

05 - A Icnos tem tocado em muitos eventos ao vivo?
Temos tido a oportunidade de participar de vários shows na cidade e fora dela! Nosso primeiro show fora foi realizado no Bliss Center, de Belize. Foi uma grande oportunidade que nos foi apresentada como banda, e nos deu força e renome para nos mover neste difícil caminho. Em 2014 nos foi apresentada outra grande oportunidade, graças à organizadora de nossa cidade, Chacmetal Prods., e temos o espaço de dividir palco com bandas internacionais, como Fuck The Facts (Can), Landmine Marathon (EUA), Rottenness (Mex-EUA), Viscera (EUA), Minimum Wage Assassins (EUA), e em 2015, no dia 24 de Janeiro, tivemos a grande honra de tocar no mesmo palco onde se apresentaram 2 bandas brutais, vindas da Colômbia: Holy Shit e Vehementer, e para fechar esta devastadora noite, Invidiosus (EUA) e um dos grandes expoentes do Brutal Death... Putrid Pile (EUA).

06 - No que as letras da banda são baseadas?
Falamos de experiências pessoais, morte, ódio, injustiças, histórias mórbidas e bizarras, destruição e blasfêmias em geral. A ideologia da banda se baseia em liberdade de expressão, ser livre de todos regulamentos sociais, que te dite como tens que se comportar perante os demais. Em relação aos religiosos nós pensamos: A religião não nos cativa, nem Deus, nem Satan, não precisamos deles! Somos livres destas deidades!

07 - Como é a cena Death Metal em Chetumal, México? Há por aí algumas bandas que poderiam nos recomendar?
A cena Metal em Chetumal é pequena! Somos muito poucas bandas criando Metal. Existem bandas boas que também estão lutando por obter conhecimento no que estão fazendo. Contamos com amigos que estão dando duro pela causa: Conspirazion Zero (Heavy Metal), Lisergia (Death Metal), IIT (Black Metal), e é claro que as recomendamos!

08 - Aonde as pessoas poderiam obter cópias ou download de seu material e da compilação-split? Vocês têm algum outro merchandise disponível?
Podem baixar nossa música nos seguintes links. No 1º se encontra armazenada a nossa Demo, e no 2º o Split da Metal Mayhem, onde participamos junto à outras bandas de Belize e Chetumal. Também temos à venda as camisas oficiais da banda. Podem perguntar em nosso Facebook (https://www.facebook.com/icnosbrutal) e aí te damos toda a informação para poder comprar sua camisa infernal!


09 - Quais são os planos futuros para a Icnos? Estão trabalhando em um novo álbum?
Estamos trabalhando no full-lenght da banda, um disco que terá 11 faixas prontas para destruir seus ouvidos! Antes de concretizarmos isso, lançaremos um EP com 4 faixas próprias e mais 1 cover surpresa, para todos os infectados com este vírus que já não aguentam a espera e querem nos ouvir blasfemar!

O que vem para a Icnos é algo brutal!!! Em Junho de 2015 teremos a grande honra de participar em um dos grandes eventos que são realizados na cidade de Mérida, Yucatán... +The Fist Fuck Family Fest VI+, um evento com bandas nacionais e internacionais, e nessa ocasião, brutais bandas da velha escola. Estarão presentes o Terrorizer (L.A.) e a lenda viva do Grindcore, Nausea. Para nós é muito emocionante dividir palco com essas lendas do Metal!

10 - Você poderia dizer quais suas bandas favoritas de Metal extremo?
Somos 4 membros na banda, seriam muitas bandas para mencionar! ahahaha Grave, Gorguts, Dawn of Demise, Nocturnal, Pantera, Obituary, Fleshgod Apocalypse, Infestdead, pra mencionar algumas.

11 - Obrigado por seu tempo e muito boa sorte com a Icnos! Por favor, deixe suas últimas palavras e sinta-se à vontade para mencionar alguma informação que queira agregar à esta entrevista.
Obrigado pela entrevista! É um prazer poder dizer o que somos e o que pensamos, e que vocês se encarreguem de distribuir nossa enfermidade! Obrigado a todos os Metalheads que nos apóiam!!! Gostamos do que fazemos e o curtimos! E é muito bom saber que há gente que também curte a nossa merda! Por vocês seguimos nesse caminho! Há momentos que não são suficientes para seguir adiante, mas o fato de saber que há gente infectada com nosso vírus, nos motiva a seguir blasfemando!

+See you in the pit, motherfuckers!
+Horns fuckin' up!!!


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Tradução da entrevista originalmente feita em Inglês pelo Blackened Horde Webzine da Flórida (EUA), com a banda Neverchrist (Brasil).

Summon: Como a banda começou?
Thiago Perdurabo: Olá! Em primeiro lugar, obrigado pela entrevista! A Neverchrist surge em Abril de 2000 (e.v.) na pequena cidade de Vila Velha/ES, das cinzas da banda de Death Metal Traces of Death, que teve uma curta duração. Desde então, lançamos 4 materiais, sendo 2 Demos e 2 EP's, participou de um 3 Ways Split em Tape e 3 compilações. O fato de morar numa cidade pequena e a falta de compromisso de alguns membros, fizeram com que a banda passasse por vários hiatos, e impediu que a banda tocasse mais regularmente ao vivo. A banda passou um largo período como One-man-band e eu gravava todos os instrumentos. Agora, depois de 14 anos, a banda segue como trio, com a mesma formação de 2009, porém com somente uma guitarra. A banda estuda a possibilidade da entrada de um novo membro, mas ainda não é nada 100% confirmado.

Summon: Que tipo de música vocês tocam?
Thiago Perdurabo: No momento fazemos Black Metal com influências do Thrash, Death e Doom, refletindo a preferência musical de cada membro. Houve outras fases diferentes, onde os membros eram outros, mas atualmente, com uma maturidade musical e conhecimento mais apurado de nossos instrumentos, decidimos buscar nossa própria sonoridade, que é algo que temos tentado constantemente.

Summon: Como tem sido a resposta dos fãs?
Thiago Perdurabo: Até hoje a resposta tem sido bastante positiva por parte do público. Sempre há quem critique, mas as críticas positivas nós tomamos como possibilidade de evolução, levando em conta, é claro, a proposta que abraçamos. As críticas negativas, que nada contribuem para nosso crescimento, nós descartamos. Nossos materiais foram distribuídos em vários países, ainda que em uma quantidade muito limitada de cópias. Do povo que tem nos contatado pela Internet, nós recebemos críticas positivas e e-mails de vários países, como China, México, Costa Rica, Colômbia, Peru, Panamá, Chile, Bolívia, Nicarágua, Guatemala, Belize, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Austrália e Indonésia. Toda crítica e apoio é importante, pois se não fosse o público, as cenas não existiriam e não estaríamos aqui!

Summon: De onde vem o nome da banda?
Thiago Perdurabo: O nome da banda vem em resposta aos falsos do Neversatan, banda da qual tivemos notícia da existência, e do fato de não apoiarmos o “White Metal”, que eu nem chamaria de Metal, e em resposta às infiltrações que estavam cada dia mais proliferando na cena local naqueles tempos. Mas em parte, Neverchrist significa nossa contrariedade à religião e seus falsos dogmas. O cristianismo tem se esforçado muito na questão da escravização da raça humana, perpetuando uma cultura de terror, guerras, fome e medo, afastando o ser humano de sua verdadeira liberdade, sua verdadeira vontade. Não apreciamos a ideia metafísica de "Deus" e "Diabo". O Homem cria um deus na forma de egrégoras, para criar uma condição psicológica favorável para evocar as forças que ele mesmo tem, e cria um diabo horrendo e monstruoso para culpar dos erros que eles mesmos cometem, já que é muito difícil admitirem seus próprios erros, e muitas vezes, não se responsabilizam por tais. Então, seja por vergonha ou pura irresponsabilidade, criam uma alternativa para se livrar da culpa que possuem e saber que têm. Defendemos uma postura ideológica de força e responsabilidade, análise crítica e senso individual de raciocínio sobre o mundo e tudo o que nos rodeia, sem cargas, sem verdades absolutas. A única certeza na vida é a morte iminente, e devemos ser guiados pela nossa própria e verdadeira Vontade, enquanto vivermos neste mundo.

Summon: Poderia apresentar os membros da banda e suas respectivas funções?
Thiago Perdurabo: Ok. Eu, guitarra e vocais, David Morthimuss: baixo, e Fabian Lajes: Bateria.

Summon: Quem escreve as músicas? Letras?
Thiago Perdurabo: Passei muito tempo compondo sozinho, e a participação dos membros nas composições não se dava desde 2004, por razões já mencionadas, como a instabilidade, mas hoje em dia eu faço riffs, gravo, mostro aos membros e trabalhamos juntos. As letras eu escrevo sozinho, sempre pensando em expressar o pensamento de todos os membros, já que temos ideias muito semelhantes.

David Morthimuss: Na Neverchrist todas as músicas foram compostas por T.Perdurabo. Temos opiniões democráticas em relação ao conteúdo, melodias, instrumentais, etc.

Summon: E de onde vêm as ideias das letras?
Thiago Perdurabo: As ideias vêm de nosso mundo cotidiano e do caos que se espalha a cada dia. Vivemos numa cidade violenta, à beira de uma guerra civil, e a ignorância propagada pela mídia, o governo e as igrejas, com membros em número considerável no governo, e que desejam basear suas leis em passagens bíblicas, causando um crescimento muito limitado deste país, o que é lamentável! O Brasil vive hoje, apenas uma pura imagem, pois sabemos que aqui, na verdade, nada mudou! O que aconteceu foi que o governo deu algumas migalhas para o povo e investiu em publicidade, apenas isso, mas se analisarmos a realidade , as coisas são ainda piores que na década de 90! Além disso, em meu caso particular, muito do meu fascínio vem do Cosmos, pela Física Quântica, por Thelema e estudos de culturas antigas num contexto global. Também aprecio algumas ideias do satanismo humanista de Anton LaVey.

Summon: Qual sua visão sobre o Satanismo e o Ocultismo?
Thiago Perdurabo: Bem, como disse antes, aprecio a visão de LaVey. Para mim, Satanás é uma visão alegórica da ideia de oposição, subvertendo o modus vivendi da sociedade, com suas máscaras e tirania, e na ideia de tentar sempre parecer o que não são, numa tentativa desesperada de preencher o vazio de sua pálida e bucólica existência. Representa a verdadeira liberdade para dizer "ei, estou neste mundo, sou livre, sou meu próprio deus, e posso ser meu próprio demônio, basta querer". É como diz o famoso provérbio nativo-americano: "o leão dentro de mim age conforme a maneira que o alimento". Para mim, em meu ponto de vista particular, aquele que adora a Satanás como "diabo" está adorando ao cristianismo que ele tanto diz ser contra, já que Satanás, Lúcifer e demais “demônios” foram criados e difamados pela Igreja Ortodoxa romana, numa tentativa desesperada de escravizar a humanidade e mantê-los numa prisão sem grades físicas, mas com amarras mentais, que infelizmente são perpetuadas até mesmo hoje. O ocultismo eu vejo como um estudo categórico de toda realidade física, psicológica e científica, com base num certo mistério, para fazer com que as pessoas pensem, estudem e reflitam. A natureza é muito complexa, e os seres humanos não entendem o funcionamento de seu próprio corpo. Não conseguimos sequer decifrar mais de 1 % de nosso DNA, então vejo como um conjunto de sistemas e métodos psico-científicos para atingir certas habilidades que todos nós possuímos, mas não sabemos acessar como um treinamento para a manipulação de energias que nos cercam com um propósito específico, voltado à nossa evolução. Aqueles que não têm este conhecimento, se destroem , muitas vezes baseados em equívocos propagados pela sociedade e religiões.

David Morthimuss: Um simbolo de rebeldia contra o cristianismo que sempre manipulou a humanidade. O Ocultimo conclui que a magia em si é um ramo da Ciência dos antigos sábios, escondidos em misteriosos símbolos que amedrontam os ignorantes... Em outras palavras, um simbolo de liberdade.

Summon: Quantos álbuns/Cd's vocês já lançaram?
Thiago Perdurabo: Nós lançamos 4 materiais até o momento, distribuídos de forma bastante limitada, e é algo que queremos mudar a partir de agora, e são a Reh Demo 2002, que conforme o nome indica, um ensaio de abril de 2002, com outra formação, e ainda gravado na cidade de Vila Velha ; A polêmica Demo Latinoamerican Elite of Antinazi Black Metal, lançada em 2007, um ataque direto a grupos neo-nazistas que estavam se infiltrando na cena local, o que é totalmente ridículo, especialmente quando se lida com um país tão cultural e racialmente diverso como o Brasil. Esta demo possui 7 músicas, com uma introdução e mais 5 faixas, incluindo "Anti- Nazi Black Metal", cantada em Português, e muito criticado por pessoas que, naturalmente, não entendiam seu significado e julgaram o livro pela capa. Além desta música, os temas tratados abordavam o satanismo, anti-cristianismo, e crônicas infernais, numa forma alegórica de expressão. Muitos nos apoiam até hoje por causa deste lançamento, e o material é o mais apreciado que já lançamos, e abriu muitas portas para a banda, em seguida, saiu um 3 Ways Split, lançado pelo selo Viceral Vomit Records, da Costa Rica, no mesmo ano de 2007, sob o título "The Suffering of The Messiah", ao lado da lendária banda de Black/Death Metal peruana Black Angel e da banda brasileira de Raw Black Metal Sagrada Blasfemia. A demo foi incluída na íntegra neste material. Em 2008, participamos de duas compilações a nível nacional e mundial, lançadas em 1000 cópias, e foram "Fortaleza Metal Comp. Vol. 3" , pelo selo Anaites Records, do Nordeste do Brasil e "Headbangers Metal Reunion II" , pelo selo Music Reunion Distro & Prod , do Rio de Janeiro, ao lado de bandas conhecidas no cenário nacional como Amen Corner, Inhumane Rites , Crux Cullum , etc .. em novembro de 2009 , saiu a Full Album Tape chamada "Corrosive Rivers of Blood”. Este material de 13 faixas tinha um Black/Death Metal cru e seco, com temas que falam sobre Anti-cristianismo, Demonologia, sempre de uma forma alegórica, e culturas ameríndias antigas, com referências a deuses e civilizações como os Mochicas , os sanguinários Mundurucus, do Norte do Brasil e os Astecas. Em março de 2010 foi gravado “Infernal Possession”, um EP com três músicas, sendo a faixa-título uma composição em parceria com Hector Corpus, do Black Angel (Per), e trouxe um som mais focado ao Black/Death tradicional com influências de Hellhammer e Black Sabbath, além de uma composição de nosso ex-baixista, Vultur Gryphus, a faixa " Massacre to Christianity". Depois de um tempo em espera, em 2013 decidem retornar e regravar a faixa Neverchrist e mais duas músicas de 2001 que nunca haviam sido gravadas. Assim surge o EP de 2013, " The Unholy Spirit", nome de uma das faixas . Essas músicas pertenciam a uma banda paralela que tinham em 2001, Duxgor, mas depois de seu fim, passamos a tocá-las na Neverchrist, reformulado-as ao longo do tempo . Este EP, como o anterior , também tem 3 faixas.

Summon: Conte-me sobre algumas das músicas do mais recente CD.
Thiago Perdurabo: O último material, como mencionado, foi um EP com três músicas chamado "The Unholy Spirit ", e o conceito ideológico aborda as mesmas questões: anti- cristianismo, valorização do ser humano como seu próprio deus e sua liberdade do que pensa ou faz, e como isso reflete em sua vida. Traz críticas ferozes à religião e sua forma de manipulação dos seres humanos com sua falsa moral e ética.

Summon: Você tem projetos paralelos ?
Thiago Perdurabo: No momento tenho um projeto de Death/Doom/Folk chamado BohrCurie, em alusão ao físico Niels Bohr e a cientista Marie Curie, e aborda questões relacionadas com a Cosmologia, Astronomia, OVNIs e teorias sobre o surgimento da vida na Terra, com a intervenção de "deuses-astronautas ", algo que eu acredito que seja possível, até mesmo por probabilidades matemáticas, sabendo que não monitoramos mais de 1 % do que existe no universo, e já temos conhecimento de pelo menos 100 milhões de galáxias! Além deste projeto, tenho o Antropofectus, banda de Death Metal, atualmente como one-man-band, tenho a Crepusculic Shadows, junto ao baixista do Neverchrist, Black Metal com passagens melancólicas, com letras baseadas em sonhos obscuros e Kill The Whore, Pornogore/Grind, projeto de Belize, onde gravamos online e recentemente gravamos o primeiro álbum full-length "First Stage of Decomposition", no qual estamos em busca de selos.

David Morthimuss: Sim! Crepusculic Shadows é um dos projetos que estamos mais empolgados, é um ritual particular onde expressamos o que estamos sentido no momento e todo nosso ódio contra a humanidade que está se destruindo.

Summon: Quais são algumas de suas influências musicais?
Thiago Perdurabo: Posso citar várias do Black Metal Nórdico dos anos 90, como Mayhem, Dissection, Marduk, Emperor, Satyricon, Gorgoroth, Isvind e também bandas como Slayer, Kreator, Necrodeath, Nuclear Assault, Satan (UK), Cannibal Corpse, Abazagorath, Helloween, Iron Maiden, Morbid Angel, Deicide , Ressurrection, Eulogy, são muitos.

David Morthimuss: Eu passei a minha adolescência escutando o bom e velho Heavy Metal e várias bandas me influenciaram ao longo dos anos. Bandas como Black Sabbath, Motörhead, Mercyful Fate e Bathory foram as minhas maiores influências. Claro que existem outras bandas, mas são muitas para citar no momento.

Summon: Quais bandas atuais?
Thiago Perdurabo: Das bandas atuais posso destacar os cubanos do Ancestor, que agora estão radicados em Miami, Uneartlhy, do Rio de Janeiro, Belphegor, Torture Squad, Humanitas Error Est, da Alemanha (banda com Arnaud, ex-baterista do Enthroned) , The Black Cold, do Rio de Janeiro, banda da qual já fiz parte, entre outros.

David Morthimuss: Atuais de que época? estou tão desatualizado que nem sei das bandas "novas".

Summon: Como é a banda como vocês tocam ao vivo?
Thiago Perdurabo: Não entendi a pergunta. Em que sentido ?

Summon: Vocês já tocaram em outro país?
Thiago Perdurabo: Ainda não. Seria ótimo poder fazer isso, mas em um país tão grande e com renda tão mal distribuída como o Brasil, torna-se muito difícil para nós, trabalhadores comuns, nos organizarmos para tocar em outras regiões do país, quanto menos em outros países. É muito difícil para as bandas nacionais, e, geralmente, é necessário muito dinheiro para realizá-lo, mas temos a intenção de fazê-lo o mais breve possível!

Summon: Qual a quantidade de público que geralmente aparece nos shows?
Thiago Perdurabo: Como tivemos inúmeros problemas de formação, a banda não teve muitas apresentações ao vivo. O máximo que me lembro eram shows para 500 pessoas no primeiro show em 2003, e em alguns outros eventos menores, um número de geralmente 200 a 300 pessoas, o que era considerável para uma cidade do interior como Vila Velha.

Summon: Como é a resposta do público quando tocam?
Thiago Perdurabo: Geralmente temos uma boa resposta. Até então a aceitação tem sido muito boa e sempre nos perguntam quando voltaremos a tocar com mais regularidade.

Summon: O que você acha da cena Norte-Americana de Black/Death Metal?
Thiago Perdurabo: Uma das melhores do mundo, com suas próprias características A cena Death Metal especialmente! Gosto muito de bandas como Insatanity, Novembers Doom, Phantasm, Ressurrection, Sadistic Intent, Disgorge, Exhumed, Eulogy ... de Black Metal, Killgasm, Immersed in Darkness, do Texas, Abazagorath, Absu e Averse Sefira.

Summon: O que você acha das cenas no exterior?
Thiago Perdurabo: Bem, durante todo esse tempo em contato com pessoas de todo o mundo, eu vejo muitas cenas fortes e coesas, não no sentido de quantidade, mas de qualidade. As pessoas têm se dedicado a fazer metal extremo com qualidade sem ter que cair para o mainstream. Na Europa e na América do Norte, sabe-se que a cena é muito forte, mesmo nos países da Europa Oriental. Mas me dá orgulho de encontrar pessoas dedicadas em lugares como o Oriente Médio e Cuba! Lá , mesmo com as dificuldades de um governo ditatorial, os problemas econômicos latentes, etc .., Eles fazem muito com um pouco! Há uma grande cena que leva 200-6000 pessoas de quinta a domingo, em Havana, por exemplo, e ter espaço na TV estatal, sem se render ao comercialismo em Cuba, até porque não faria sentido, obviamente! No Oriente Médio, em países com culturas fundamentalistas , correm o risco de morrer fazendo o som que quer e defender seus ideais. Imagine que você para fazer Black Metal em países onde você simplesmente ouvir música que não seja muçulmana, podem ser fuzilados e mesmo assim fazem! Apoio totalmente as bandas e bangers desses países, eles realmente vivem o que pregam , toda a oposição a essa massa de alienar seus países!

Summon: Quais algumas das novas bandas de Black Metal/Death Metal favoritas?
Thiago Perdurabo: Eu não tenho ouvido muitas das novas bandas recentemente, mas posso destacar os noruegueses do Vinterbris, Beautality, da Inglaterra, os brasileiros de Brutal Morticínio, Unlight Domain, de Cuba, e Tummor e Horror Chamber, do Sul do Brasil, Incinerador e Visceral Slaughter, do Norte do Brasil, Pervencer e Depressed, de São Paulo, Seeds of Iblis , do Iraque , etc.

Summon: Quando vocês planejam compôr um novo material?
Thiago Perdurabo: Já foi composto e está sendo gravado neste momento!. Nightmare by Weakness é um material com 8 faixas e será nosso aĺbum mais Old School até o momento. O som flerta com o velho Thrash Metal e Doom. O conceito lírico é sempre o mesmo: expressar nossos pontos de vista diferentes sobre o Todo e o mundo em que vivemos, em oposição a esta falha cultura das sociedades que se proliferam como meros números sem naturalidade e sem Vontade.

Summon: O que reserva o futuro para a banda?
Thiago Perdurabo: Estamos em busca de selos para lançar este próximo trabalho, e esperamos voltar a tocar de forma mais consistente, divulgar nosso som e em breve, talvez uma turnê pelo Mercosul. No mais, continuar a gravar, compor e espalhar a nossa mensagem para aqueles que se sentirem identificados com nossa ideologia. Keep The Black Flame Burning!

Link da entrevista original em inglês: http://www.blackenedhorde.com/neverchrist

Links Oficiais:


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Segue abaixo uma entrevista que eu fiz com o grande Carlos Zema (ex-Heavens Guardian, Voughan e Outworld) no ano passado para o site Highway to Rock Goiás. Grande voz que esteve por muito tempo em nossa cena goiana, que agora reside nos E.U.A. cantando na grande Immortal Guardian. (Fred Maverick)

01. Você poderia começar nos dizendo sua trajetória musical depois da saída do Heaven´s Guardian até o momento, no Immortal Guardian...
Zema: Bom, em 2005 depois de aproximadamente 13 anos no Heaven's Guardian, eu havia formado a banda Vougan com os integrantes da banda Dark Avenger, de Brasília, naquela época. Toquei um bom tempo com o Vougan e com o Heaven’s Guardian ao mesmo tempo enquanto ainda morava no Brasil. O Vougan chegou a gravar dois discos, e logo quando iriamos gravar nosso terceiro disco, aqui nos Estados Unidos, logo quando, tempos depois, terminamos nossa turnê Norte-Americana, em 2009, a banda se desmembrou. Em 2007, fui convidado a participar de uma banda americana, de Houston, chamada Outworld, com o guitarrista Rusty Cooley. Ganhamos um prêmio internacional, aqui nos Estados Unidos, chamado Famecast, no qual foi uma competição entre várias bandas de todo o mundo e vencemos o Top 100, Top 50, Top 25, e a transmissão ao vivo no Top 10, onde nos apresentamos ao vivo em canal aberto aqui na TV Americana e vencemos por votos através da internet e mensagem de texto, em primeiro lugar como melhor banda e como melhor vocalista. Foi certamente uma exposição fantástica da banda. Logo após assinarmos contrato com a gravadora Replica Records, da França, o disco foi lançado na Europa e depois de um ano e meio a banda Outworld se desmembrou e os integrantes decidiram iniciar seus projetos independentes, infelizmente. Mas após Outworld, acabei participando de vários projetos, dentre eles, o Izrafel, onde gravamos no estúdio do Pantera e do Hell Yeah em Dallas. Cheguei a gravar com outro projeto chamado Coldera, em Madison, no estado de Wisconsin, juntamente com Guitarrista Bill Hudson, grande amigo meu, onde também participamos juntos no ‘Tributo a Stevie Wonder’, com membros da banda do Stevie Wonder, Coldera e Dragon Force. Esse foi um projeto muito legal. Onde gravamos a música Superstition do Stevie e essa música foi votada por ele para ser a música de divulgação desse disco quando ele foi lançado. Também participei de um projeto com o Metal Mike (guitarrista do Rob Halford, Sebastian Bach, Testament, Pain Museum, e outros) gravei um disco com ele e fizemos uma turnê pela costa leste dos Estados Unidos, juntos com a banda Primal Fear, da Alemanha. Essa turnê foi sensacional, fizemos grandes amigos e tocamos em shows muito legais juntos. Cheguei a tocar com David Shankle, guitarrista da formação original do Manowar, em seu grupo DSG (Dave Shankle Group) por algum tempo, mas não chegamos a lançar nada juntos, infelizmente. O motivo principal foi porque estávamos vivendo muito longe um do outro e estava difícil para conciliar a distância de Austin,Texas até Chicago, Illinois. E ele queria um vocalista exclusivo, ou seja, eu precisaria me mudar para Chicago, e naquele momento eu não estava preparado pra isso . Mas até hoje, somos grandes amigos e provavelmente faremos algo juntos no futuro. Logo no mesmo período, gravei algumas músicas com o projeto chamado ReoVirus, tomando base na Inglaterra, com meu amigo Murilo, da formação original do Heaven’s Guardian, sendo assim com Murilo Rassi no baixo, e com os grandes guitarristas Luis Maldonalle, Fábio Afonso, Arnozan e Giovanni Maia. Gravei recentemente, também, um projeto Australiano, com outro talentoso e grande amigo meu, o guitarrista e produtor Stu Marshall, gravamos o Empires of Eden, e esse foi o segundo disco que gravamos juntos, nessa segunda edição desse projeto. Participei recentemente do Projeto SoulSpell também, juntamente com integrantes das bandas Iron Maiden, Judas Priest, Helloween, Savatage, Malmsteen, Avantasia, Angra, Hangar, Eterna, etc... Esse foi um projeto super legal que me trouxe outras perspectivas como vocalista em termos de performance vocal, com certeza. Eu estava há procura de uma banda, na verdade estava tentando formar uma banda, aqui em Austin. Nesse período de tempo em que eu não estava participando, efetivamente, de nenhuma banda, eu escrevi várias músicas e estava com planos de gravá-las com essa banda, mas infelizmente não pude encontrar os músicos adequados para poder formar essa banda. Logo após alguns meses, um cara chamada Brett Rivera (manager da banda Immortal Guardian) me contatou através do Facebook e me informou que a banda precisava de vocalista. Eu sinceramente, não conhecia a banda ainda, mas eles haviam lançado o EP deles chamado Super Metal, na data do meu aniversário, e uma das minhas músicas que eu havia escrito nesse período em que eu não estava em nenhuma banda, em nosso primeiro ensaio juntos, com o Immortal Guardian completo, eu descobri que coincidentemente, obtinha a mesma estrutura, verso, bridge e refrão, e ainda estava exatamente no mesmo campo harmônico da parte instrumental de uma das músicas novas que a banda havia escrito. Achei isso uma enorme coincidência e a parir daí, várias outras boas coincidências e o incrível talento dos integrantes da banda, tanto como músicos, vocalistas e excelentes compositores, me provaram que essa era uma ótima oportunidade para finalmente participar efetivamente de uma banda. E alí naquele momento, eu sabia que era pra valer! Desde então, já escrevemos 15 músicas juntos, todos da banda compõem cantam e tocam fenomenalmente bem. Todas essas músicas soam como uma obra prima, na minha opinião, por essa e várias outras razoes, tudo indica que certamente, vamos trabalhar juntos por muito tempo, se Deus quiser! Estamos produzindo nosso novo álbum juntos intitulado Revolution Part I, com o famoso guitarrista e produtor Roy Z (Judas Priest, Sepultura, Bruce Dickinson, Rob Halford, Sebastian Bach, W.A.S.P., etc...) que nesse momento está finalizando a mixagem do álbum em seu estúdio em Hollywood. 

02.Vocês tem planos de lançar um vídeo-clipe?
Zema: A banda já lançou recentemente alguns vídeo-clips, se vocês quiserem checar, fiquem a vontade.
Temos nosso website, que possui alguns deles: www.immortalguradian.net
E alguns links no nosso canal do youtube:

03.Você tem algum projeto musical além do Immortal Guardian?
Zema: Atualmente estou dedicando todo meu tempo e esforços para trabalhar apenas com a banda Immortal Guardian, mas continuo participando de qualquer projeto de gravação, apenas. Tenho em vista algumas participações especiais em discos de alguns amigos e em breve estarei anunciando.

04. Quais as diferenças que você vê na cena metálica underground desde que saiu do Brasil até os dias de hoje?
Zema: Eu vejo como principal diferença, a dissipação e crescimento da fomentação na indústria musical independente. É assustador como desde fevereiro de 2007, quando me mudei para o Texas, até hoje, o acesso à gravações e produções musicais em geral, têm sido difundida por todos os home studios, não só nos Estados Unidos e no Brasil, mas em todo mundo. Eu vejo isso como uma iniciativa muito legal por parte das grandes empresas tanto de hardware como de software, ao participar de forma efetiva na distribuição de material, de forma acessível. Isso com certeza acarretou outros pontos positivos e negativos ao mesmo tempo. Hoje em dia contamos com uma super população de bandas no mercado musical, mas de certa forma, acho que isso também possui seu lado bom.De certa forma, com várias bandas e uma variedade de estilos infinita, podemos hoje em dia contar com uma cena musical local bem forte, justamente por hoje em dia termos tais ferramentas disponíveis, assim como a internet e outros meios de comunicação dela derivados. Hoje em dia, podemos lançar nosso próprio material sem precisar ser escravizado pelo poder de monopólio das grandes gravadoras, que em minha opinião, são as grandes responsáveis pela indústria da música ir tão mal ultimamente. Na minha época, nosso primeiro trabalho com o Heaven’s Guardian, foi lançado em forma de uma DEMO-TAPE, uma fita cassete. EM termos de tecnologia, não podemos nem comparar como esse acesso ao material fonográfico se transformou no que temos hoje em dia. Mas vejo isso como uma chance para a música independente emergir de forma bastante positiva, se o público local começar a incentivar as bandas locais, cada vez mais e mais. Por um outro lado se isso não começar a ser mais evidente, iremos participar de uma extinção de muitas excelentes bandas que poderiam estar na cena no dia de amanhã, mas sem esse apoio, não conseguirão sobreviver, infelizmente. Outra mudança radical que ocorreu nos últimos anos, principalmente de 2007 até agora, foi o crescimento da mais poderosa ferramenta de marketing, a Internet, que ainda temos hoje em nossas mãos, mas creio que em breve irá ser muito limitada para acessos não remunerados, como os de hoje. Mas tomara que eu esteja errado. 

05. O que você acha que deveria ter para a melhora do underground? Não só de Goiás, mas de outros lugares também...
Zema: Creio que a única salvação para as bandas locais e para a cena musical mundial, predominantemente independente, hoje em dia, seria o único e o mesmo princípio básico, que a música enfrentou nos anos 70. Muitas bandas começaram a emergir no início dos anos 70 até final dos anos 80, mas todas essas bandas ainda contavam com um fator que hoje em dia não existe em tanta abundância, exclusividade. Portanto vejo que a mídia de apoio, de certa forma se adaptou de uma forma bem interessante, onde os acessos à blogs, websites independentes e vários outros meios independentes de apoio, acabaram obtendo uma exposição agressiva no marketing virtual. Levando esses fatores em consideração, as bandas locais, hoje em dia possuem uma chance de poderem conquistar horizontes mais longínquos, mas para que isso aconteça, é necessário que o público pare de assistir vídeos gratuitos na internet, para que então se levantem das suas cadeiras e compareçam aos shows de suas tão talentosas bandas locais. Antigamente era possível apenas esperar que as informações pudessem ser processadas e mastigadas para nós. Com programas como o Furia Metal da MTV no Brasil, por exemplo, que para poucos privilegiados, era de certa forma, um meio de poder divulgar bandas há nível nacional e internacional. Outros programas locais de TV e rádio eram bastante operantes e fortes nessa divulgação, mas como todos os meios de marketing no mundo, foram monopolizados. Com isso as bandas independentes vieram com sua resposta, e várias companhias compraram a ideia e viram isso como um mercado bastante lucrativo. Com a internet e seus derivados, podemos ter acesso a milhares de bandas e diferentes opções, em termos de estilo, qualidade, etc... Mas ao mesmo tempo, vejo que o público ainda não se acostumou com à obtenção de uma opinião própria, e ainda espera por algum formador de opinião para se adequar às tendências musicais. Isso de fato, “não é generalizado”, mas podemos observar ainda, vários modismos e experimentalismos acidentais na cena musical, que de certa forma, conseguem bastante espaço na mídia, mas na minha opinião, de forma indiscriminada. Hoje em dia temos vários exemplos de projetos de música experimental que foram bem sucedidos, não me entenda errado, estou falando de alguns exemplos que por unanimidade e bom senso, podemos todos concluir, que realmente, casos como tiririca, idiotizam cada vez mais nossa música, não só no Brasil, mas em um aspecto mundial. Pelo fato do fator variedade, hoje em dia ser imenso, essas informações necessitam ser filtradas por “nós mesmos”. Pois essa informação hoje em dia corre à mil Km por hora. Portanto, se não pesquisarmos um pouco mais e encontrar nossas bandas locais favoritas, e então começarmos a frequentar seus shows, estaremos todos nós não apenas essas bandas, fadados ao fracasso. Essa é a única maneira na qual podemos salvar o futuro da nossa música, de um colapso inevitável.Do contrário, não vejo outra forma da música, não só underground, sobreviver. O futuro da cena musical e artística em geral, underground em especial, está nas mãos de vocês, jornalistas, profissionais da gestão de relações públicas, web designers, e todos que contribuem para a cena musical. Com cada um de nos exercendo nosso papel, podemos resgatar a nossa cultura de volta de forma global e regionalista também.

06. Deixe um recado para seus fãs goianos e considerações finais.
Zema: Gostaria de agradecer pela oportunidade de expressar minhas opiniões e pedir que cada um de vocês, que ainda acredita em uma emergência da nossa música, apoiem nossos artistas locais e principalmente os artistas independentes, que estão na cena musical determinados à contribuir para essa causa.Gostaria de agradecer do fundo do coração, todos os fãs e amigos que fomentam a cena musical brasileira, especialmente. E digo que de agora em diante estarei sempre que puder de volta no Brasil e não deixarei que nenhum obstáculo seja empecilho, para que possamos atuar de forma mais expressiva ajudando as bandas nacionais e trazendo mais bandas internacionais, para que possamos estabelecer esse intercambio e fortalecer o Rock and Roll e a boa música em geral. Todos nós iremos beneficiar com esses esforços!

Amo vocês de coração! Muito obrigado mesmo pelo grande apoio e carinho.
Se cuidem! Keep it heavy!

Carlos Zema

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